Pela NIB, resultado do trabalho de consenso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) estão sendo propostos R$ 300 bilhões para financiamentos no Plano mais Produção, em ações até 2026.
Presidente da CDH, o senador Paulo Paim (PT-RS) disse que é fundamental o papel da industrialização no desenvolvimento, no avanço econômico e social e geração de empregos e renda em diversos setores, desde a produção até a administração. A indústria, salientou, “contribui para a redução do desemprego e elevação do padrão de vida da população”.
Altamiro faz uso da palavra durante a audiência
— Uma base industrial sólida e diversificada pode atrair investimentos estrangeiros diretos e promover a transferência de tecnologia. Isso fortalece o mercado interno e reduz a dependência de importações. Investir na industrialização requer um compromisso contínuo do Estado, independentemente de posições ideológicas — afirmou Paim, para quem esse tema também precisa chegar às assembleias nos estados.
Vice-presidente da CDH, a senadora Zenaide Mais (PSD-RN), afirmou que a indústria brasileira tem de ouvir os trabalhadores e criticou o sistema financeiro “que faz uma extorsão no país”.
— Acho essa uma pauta edificante, porque estamos construindo, agregando valor aos nossos produtos — afirmou Zenaide.
ALTAMIRO CONCLAMA UNIDADE DOS TRABALHADORES PELA REINDUSTRIALIZAÇÃO
O presidente da CONTRICOM, Altamiro Perdoná, que representou no evento, também, a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), afirmou que uma questão fundamental para o sucesso do programa é a “unidade do movimento sindical” e a “valorização dos trabalhadores”.
“Os trabalhadores são fundamentais para que isso aconteça, assim como é fundamental a unidade do movimento sindical em torno da recuperação da economia e, principalmente, da indústria. Sem indústria, isso é impossível, como já fizeram diversos países do mundo. Só que muitos países, habituados à sua postura neocolonial, não querem que façamos esse dever. Para eles, o Brasil tem que continuar reprimarizando sua economia, exportando suas matérias-primas para serem em grande medida industrializadas fora do nosso país e, com isso, gerando empregos qualificados e produtos e serviços com alto valor agregado fora da nossa economia”, afirmou Altamiro.
E acrescentou: “A CONTRICOM une-se às demais organizações de trabalhadores, centrais e confederações, e ao segmento empresarial no esforço empreendido pelo governo pela reindustrialização do País. Afinal, nossa indústria precisa recuperar o espaço que tinha na economia nacional há pelo menos cinco décadas atrás, quando chegou a representar mais de 30% do PIB. Não tem sentido ter recuado para 10%, aproximadamente. Isso é resultado dessa política que só favorece os setores que não querem gerar emprego, renda, e pretendem continuar vivendo do juro fácil. O Brasil tem que se libertar dessa camisa-de-força que insistem em nos impor para crescer ao patamar de seus recursos humanos, suas riquezas naturais e sua história de grande nação”.
O dirigente lembrou ainda que “o presidente Lula tem falado que o mais importante é enfrentar o imenso déficit social que temos: o déficit com o emprego, com os salários em geral, especialmente o salário-mínimo, com os programas e obras sociais e de infraestrutura, com a indústria, entre outras prioridades nacionais. Esse é o grande déficit que temos que enfrentar, sem o que o programa da Nova Indústria poderá ficar comprometido”.
Altamiro argumentou, ainda, que “o governo, por exemplo, colocou a questão da retomada das obras como uma das prioridades, mas estamos vendo muita lentidão nessa retomada, pois a capacidade de investimento do Estado reduziu muito nesses últimos anos, o que pode comprometer também programas importantes como o Minha Casa, Minha Vida. Agora, tivemos a triste notícia de que a retomada de milhares de obras previstas nas escolas públicas ainda não saiu do papel”, completou.
“Queremos que os nossos trabalhadores sejam mais qualificados, haja mais programas, para manejar essa nova indústria. […] Os governos e os patrões têm de entender que uma das condições para atingir a meta é ter trabalhadores e trabalhadoras qualificados e amparados — disse concluiu Altamiro.
DESENVOLVIMENTO – Secretária-executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Verena Hitner Barros afirmou que essa é uma política que pensa no desenvolvimento e que não foi feita dentro de um gabinete, mas por um conselho, “em um processo de busca de consensos”.
— Essa não é uma política da qual o Estado se ocupa de maneira exclusiva das ações, mas que precisa necessariamente de uma mobilização de toda a sociedade para avançar — disse Verena.
De acordo com o governo, são seis as grandes missões da política industrial: cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética; complexo econômico industrial de saúde resiliente, para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o acesso à saúde; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e o bem-estar nas cidades; transformação digital da indústria para ampliar a produtividade; bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para as gerações futuras; e tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais.
MUDANÇA ESTRUTURAL – Ubiraci Dantas de Oliveira, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) defendeu ao processo de reindustrialização como “estratégico” para o país e condenou de forma veemente os “juros pornográficos” mantidos pelo Banco Central que dificultam o processo de desenvolvimento.
O dirigente também criticou a política de “déficit zero” defendida pela equipe econômica do governo, pois, segundo ele, essa diretriz reduz muito a capacidade de investimento do governo nas áreas mais sensíveis da sociedade.
Para o assessor econômico da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Diogo Oliveira Santos, a política industrial deve representar uma preocupação permanente do governo brasileiro, mas também precisa ser acolhida por toda a população.
Santos disse que a política industrial tem de enfrentar condicionantes, como mudanças assumidas nos últimos anos, com metas de inflação mais rigorosas, que geram, portanto, a necessidade de uma política monetária mais restritiva.
Presidente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Assis Melo afirmou que o projeto de desenvolvimento do país deve estar calcado na indústria de transformação. Ele defendeu que esse debate seja levado também para os estados.
CNI – Gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Ferreira e Cunha afirmou que o momento é positivo na convergência em torno de uma política industrial. Ela destacou que a NIB é uma política moderna.
Samantha Cunha disse que cada R$ 1 gasto na indústria movimenta R$ 3 na economia como um todo e que a indústria no Brasil já representou 30% do produto interno bruto (PIB) nos anos 1980, mas agora responde por apenas 15%.
De acordo com estimativa da CNI, mais de US$ 12 trilhões estão sendo implementados na indústria em todo o mundo. Desde 2008, quando se iniciou uma grande crise financeira global, as economias vêm lançando planos para esse setor, ainda mais acentuados depois da pandemia e também por causa das mudanças climáticas, segundo Samantha.
“Precisamos apoiar as pequenas e médias empresas. [A NIB] deve ser uma politica de Estado, para recuperar o que foi destruído. (…) Com capacidades novas alinhadas ao que vai ser a tendência mundial agora”, pontuou Samantha.
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Fonte: Comunicação CONTRICOM,
com informações da Agência SENADO