O debate contou ainda com as presenças de Artur Bueno (CNTA), Ubiraci Dantas (CTB), Maria Pimentel (CTB), Carlos Müller (presidente do Sindmar e da Conttmaf), entre outras lideranças. O presidente da CONTRICOM, Altamiro Perdoná, acompanhou os debates em nome da entidade.
O encontro debateu a construção de uma agenda unitária entre os diversos setores da sociedade, unindo trabalhadores e empresários, pela retomada da industrialização do país. Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, o Brasil tem uma enorme potencialidade a partir da indústria naval, da indústria energética e infraestrutura, “mas a indústria que almejamos ainda encontra muitas pedras no caminho.
Carlos Pereira, um dos organizadores do encontro, ressaltou que “o Brasil já foi o país que mais cresceu no mundo, com 7% ao ano por 50 anos, de 1930 a 1980. Era um país que avançava. Hoje a situação é totalmente outra. Estamos com 10,5% de juros, estamos oprimidos pelo capital internacional. Ao final do encontro, Pereira leu um manifesto a ser apresentado e debatido com a sociedade brasileira, com o governo, a fim de aprofundar e criar uma ampla frente pela reindustrialização do país. (Leia a carta no final da matéria).
O Seminário contou com exposição de Rafael Lucchesi, diretor da CNI, que fez um resgate histórico do processo industrial brasileiro desde a Revolução de 30, com Getúlio Vargas. De acordo com Lucchesi, a partir da década de 80, com a adesão ao Consenso de Washington e a transferência do protagonismo econômico ao rentismo, ao setor financeiro, “a gente começa a perder densidade produtiva e desse ponto de vista o Brasil foi o que mais perdeu”. “Perdemos estrutura produtiva, capacidade produtiva e retrocedemos. As exportações de alta e média tecnologia caíram 50%. Estamos tendo uma especialização regressiva porque estamos abrindo mão dos segmentos mais sofisticados”. “Mas agora, temos uma oportunidade”, avaliou.
Também presente ao debate, José Reginaldo, da CNTI, destacou que a atuação dos trabalhadores “foi duramente comprometida desde as reformas trabalhista de 2016”. E reforçou a necessidade de uma agenda de crescimento que configure também melhores condições de trabalho e desenvolvimento social”. “O Consenso de Washington degradou as condições de trabalho. Não há retomada da indústria para o Brasil voltar a crescer se o empresário se mantiver subjugado, debaixo da dependência e do pseudo modelo primeiro mundista, fazendo que ele, viva como em contínuo processo de negação, com dilema existencial entre valorizar a mão de obra ou desnacionalizar qualquer papel do estado”.