
Nos últimos 10 anos, a participação feminina no setor cresceu 120%, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora o avanço seja expressivo, a presença das mulheres ainda é reduzida, especialmente nos canteiros de obras. Os números revelam um cenário em evolução.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) aponta que as mulheres representam 2,5% da força de trabalho no setor. Contudo, no Centro-Oeste, essa participação sobe para 5,6%, refletindo um avanço significativo em relação à média nacional. Embora o caminho para uma maior equidade ainda seja um desafio, já é possível perceber sinais claros de mudança e crescimento.
A presença feminina na construção civil tem trazido novas abordagens e melhorias ao setor. Além da alta capacidade técnica, as mulheres se destacam por características como organização, atenção aos detalhes e habilidades de comunicação, qualidades essenciais tanto na gestão de projetos quanto na execução das obras.
A trajetória de Fernanda Trevisol é um exemplo claro do crescimento da presença feminina na construção civil. Gestora de obras da MRV, a engenheira começou como estagiária na empresa em 2011. Ao longo de uma década, percorreu todos os degraus hierárquicos até chegar a um cargo de gestão na regional.
“A construção civil sempre foi vista como um ambiente masculinizado, mas minha experiência demonstrou que competência e resultados são os fatores que realmente importam”, afirma Fernanda. Para ela, a presença feminina não só amplia a diversidade de perspectivas no setor, mas também contribui com novas metodologias de trabalho, essenciais para a evolução da área.
Com competência e determinação, elas continuam quebrando barreiras e demonstrando que o setor pode – e deve – ser um ambiente de igualdade e oportunidades para todos.
Além das barreiras impostas pelo ambiente predominantemente masculino, há também desafios relacionados à valorização da profissão. A arquiteta cuiabana, Ana Gomes, destaca uma questão importante enfrentada pelos profissionais do setor: a resistência da sociedade em reconhecer o valor do trabalho na arquitetura, engenharia e construção.
“A sociedade, de certa forma, tem uma resistência em valorizar o nosso trabalho e na contratação desses serviços. Muitas vezes, querem determinar um preço para o nosso trabalho sem antes entender o que fazemos, como fazemos e como funciona”, diz.
Fonte: Contricom